27 de fevereiro de 2013

25ª Sessão: Agir rápido, agir juntos!


Os magi olhavam atônitos para aquela reverberação gerada pela aproximação dos seus Colares de Ocultação. Embora fossem apenas 4, quando colocados juntos se refletiam e possibilitavam a análise de seu timbre, aparentando inclusive que buscavam se juntar aos seus semelhantes. Afinal, ainda faltavam quatro colares, os de números 2, 4, 6 e 7.
E aliás, o de número 4 já estava "adquirido", porém o preço a pagar revelou-se problemático. Descobriu-se que o Elmo de Sir Jonatan, à venda na loja Coisas Antigas, fora vendido a um cliente desconhecido e agora nós não temos mais o preço a pagar pelo colar... 
Dona Roberta informa que tem um artefato tão valioso quanto o Elmo, a Espada de Santo Agostinho! Claro, o que todos sabem é que Santo Agostinho foi uma importantíssima figura da Igreja Católica, atuando como padre e zaz, zaz, zaz. Mas o que foge aos ouvidos dos menos iluminados é que o Santo era também um guerreiro! E sua espada dizem ter o poder de destruir demônios!!! TURN!!!! Mas alegria de perseguido pelos profetas dura pouco, e o preço a pagar é uma alma. Sim, uma alma de uma criatura humana ou similar (e quem leu a bíblia sabe que animais não tem alma).
A linha que separa a loucura da lucidez é tenue demais, e aí está uma armadilha pela qual alguem pode pagar pelo resto de sua vida. Não há como tirar a alma de uma pessoa sem matá-la, e não se pode angariar a alma quando ela morrer, ou seja, se quiser a alma, vá lá e mate a pessoa com suas próprias mãos. Eu não quero discutir sobre isso, nós não tiraremos a alma de uma pessoa e ponto final. Mas pessoas morrem todos os dias, e existem bilhões delas no mundo. Não seria a vida de uma ou algumas delas um preço ínfimo perto do benefício maior de libertá-las da mentira e manipulação exercida pelos Profetas? Não seria esse o maior dos sacrifícios que uma pessoa poderia fazer pela humanidade?


Mas uma pessoa virtuosa o suficiente para se oferecer como sacrifício não poderia morrer. Haveria de ser um dos medíocres pecadores que se arrastam pela terra tolhendo a liberdade alheia. Mas quem sou eu pra julgá-los?
Então vamos olhar às opções. Eu poderia criar um ítem imbuído igual o do John, mas o egoísta não me deixa analisá-lo. Como se eu precisasse. Mesmo assim ele pode ter sido feito por um mestre ou arquimestre, e então o meu não seria tão poderoso, não sendo suficiente para a troca. O Uranometria não está no comércio, nem o Nieblas. Então fodeu.
Começamos a planejar a ida para a região da antiga Bielorrúsia para encontrar com o Agilulfo, mas sem saber ainda como iriamos pagar. Aí vem Zathara todo confiante falar pra gente não se preocupar que ele providenciava o item. Como se tivesse sido mais uma das baboseiras sem fundamento do Thirsi, os magi continuaram a discussão, ao passo que esse insistiu de uma forma nunca antes visto. Como se ele soubesse o que estava falando. Como se tivesse um segredo que nós não sabíamos. Como se ele tivesse um artefato que nós desconhecessemos. 
Wait. What?
Já pensei, pronto, botaram uma cópia do Zhathara entre nós, igual fizeram com o Ori! Estamos perdidos! Ora, ele nunca havia falado com aquela confiança, é estranho quando isso acontece pela primeira vez, e a gente fica meio duvidando. Então, pra não deixá-lo sentido com nossa desconfiança continuamos pensando nas opções, mas deixamos a solução de lado por enquanto. Em último caso um item imbuído faria o serviço. Ou dois.
Planejamos nossa viagem para a região, e acabamos por lembrar (ouvindo a Rádio Heironeus) que o local da possível localização de um outro colar era com o Kentaro Yosaka, que atualmente deveria estar em São Petesburgo, na Rússia. Valia a visita.

Porém nós não teríamos autorização do conselho da cidade para visitar o território em 6 membros, e não ir com força total seria dar chance ao acaso. Então se trataria de uma missão velada de infiltração no território inimigo, recuperação do objeto perdido e retirada com a menor destruição possível. Teríamos que nos adequar ao fluxo.

Então realizei um ritual para Transformar a Aura dos membros que viajariam, pelo período de uma semana, fazendo-nos passar por adormecidos, além de nos conceder uma Visão Superna extremamente forte. Tudo isso com um toque de disfarçe superno, utilizando-se da sutil arte de Velar, para que os magos do local não percebessem nossa presença.

Só que isso seria Lá! Aqui eu e o Mathias não podíamos sair do Rio de Janeiro - não oficialmente, ao menos. Então alguem teria de ir e nos buscar com um portal. Ou poderíamos fazer documentos falsos. Entretanto, a segunda opção concedia aos Profetas uma enorme arma contra nós se por acaso ficassem sabendo disso. Encrenca com a Polícia Federal incomoda um pouco, melhor evitar não é?
Então foram de avião Odair e Zatharha, e depois nós passamos pelo portal feito pelo Mastigoi.
Após contratar um interprete que nos ajudou com alguns detalhes, realizamos um rastreamento do timbre do colar, e chegamos a uma velha estação de transmissão - ou ao menos era o que parecia, embora fugisse aos nossos padrões. Mas estamos na Russia, onde tudo é possível! O cair da noite e a fraca iluminação advinda dos postes da via ao lado propiciavam ao local um tom sobrenatural, ampliado pela nítida característica de abandono conferida pelo mato alto que tomava os arredores. À esquerda se viam as árvores de uma floresta pouco densa. Além de diversos suportes de equipamentos e uma pequena construção ao fundo, viam-se uma dezena de postes com transformadores, alinhados no percurso que levava ao cubículo. O timbre do colar advinha da construção, e os magos vasculharam o local procurando traços mágicos. Nada encontraram, a não ser a informação provida por Mathias de que havia algo interferindo de alguma forma no tempo daquele local (#Achanti). Ao se aproximarem, os transformadores, embora não conectados por qualquer rede elétrica, começaram a funcionar.
Alertados pelo ausência de causa e efeito do ocorrido, passaram a tratar o local como protegido por magia. Mathias teve o vislumbre de que trilhar o caminho mais curto até a construção certamente atrairia algum efeito indesejado, e assim decidiram dar a volta e se aproximar do cubículo pela parte de trás. 
Aí a sutileza acabou, e a vulgaridade tomou conta do barraco. Desconfiado dos transformadores que ainda estavam próximos à cabana, Extraí a Integridade deles e a transformei em mana pessoal, quase gerando os efeitos de um paradoxo no processo. Sebastian terminou a destruição dos dois reduzindo sua estrutura, e assim certamente deixariam de ser uma ameaça. Os outros provavelmente estariam longe demais para serem um problema. O Moros nojento derreteu uma cerca de aço e já ia fazer o mesmo com um pedaço da parede da construção, quando a fada Mathias o interviu, dizendo que tinha visto o futuro, ou vindo do futuro (o que, no meu humilde ponto de vista, é a mesma coisa), e que afetar diretamente a parede causaria a explosão de algum material instável. Então novamente eu fui à busca de magias ocultas, e achei uma impressionante magia combinada de forças, tempo e sorte, o que indica que o Mago responsável tem, no mínimo, Gnose 5. Grandes coisa. E eu tenho clássicos! Assim eu Desfiz a Arte adversária em um instante, neutralizando a explosão da nitroglicerina, e o Moros continuou com o derretimento da parede do prédio. Vimos um gás exalar da atmosfera interior, identificado pelo mago da matéria como sendo XXX, altamente letal. Com mais um efeito vulgar, este purificou o ar, impedindo que o nefasto gás se espalhasse pela região.
Dentro do cômodo viu-se uma mesa com duas cadeiras e diversos documentos sobre ela, já amarelados pelo tempo. Mas abaixo dessa havia um alçapão com mais uma magia de forças que eu alegremente desfiz. Abrimos e vislumbramos uma escada, parecendo levar a um daqueles abrigos subterrâneos construídos na época da Guerra Fria. Descendo, chegamos a um corredor comprido e baixo que não aparentava estar protegido magicamente, e ao final uma enorme porta de um metal altamente magnético.
Mais uma magia de forças guarnecia a passagem, e mais uma vez eu a derrubei. Percebi, além de vislumbrar na ressonância a forma de um Daimao (espécie de demônio na cultura japonesa), que a magia tinha uma duração aproximada de um mês, ou seja, quem quer que use o local não deve se manter muito tempo afastado.
Restou apenas a mundana porta, mas infelizmente magnetismo não é comigo, e assim o sempre vulgar Moros transformou o metal da imensa porta em madeira, e empurramos o bloco para trás, derrubando-o. Avante se via uma pequena sala semicircular (sem hífen), alguns armários e diversos materiais e mapas. No chão estavam duas runas atlantes, porém não vislumbrei nenhuma magia, e portanto por precaução procurei por sinais de atividade arcana oculta. E encontrei mais uma magia, dessa vez de XXX. Com uma iluminação do destino, eu a desfiz, e me parecia que o local estava seguro. O objeto estava certamente em uma gaveta à altura do peito, e informei isso ao grupo. Sem esperar pelo meu escrutínio, Zatara foi abrindo a gaveta, e recebeu como prêmio uma esfera flamejante gerada a partir do nada (o dono do local não é tão guaxeba assim), mas não sei o que me deu na cabeça e eu contra-ataquei (com hífen) a magia, deixando de propósito algumas chaminhas o queimando.
Opa, espera, isso foi o que Mathias (novamente vindo do futuro) disse que aconteceria se ele abrisse a gaveta. Evitando mais desgaste eu encontrei e cancelei a magia, permitindo que ele abrisse o compartimento e pegasse o nosso prêmio. A fada percebeu que não teríamos muito tempo para sair dali sem ser interceptados por inimigos, e então nos apressamos para a saída. Ainda sendo influenciados pela sorte, nos direcionamos à floresta, ouvindo altos ruídos vindo da direção contrária. Percebemos ainda que diversos animais dentre macacos e outros se aproximaram da estação. Muito estranho. De toda forma, apliquei uma rápida (e impressionantemente eficaz) proteção espacial sobre o colar, impedindo que fosse localizado pelo arcano do espaço. Continuamos nosso passo apressado para contornar o local e retornar à cidade, mas percebemos após alguns tempo que estávamos sendo observados. Sem saber de onde ou por quem, mas tivemos um sentido sobrenatural dizendo que algo se aproximava. 
Sem pensar duas vezes, Zhatarha criou um caminho espiritual para o outro lado do dromo, e os magi atravessaram rapidamente. Entretanto, dali enxergaram dois lobisomens que cercavam o grupo, analisando suas "vítimas". Pareceu-me que eles repensaram o seu ataque (sabiamente) no momento em que atravessamos o dromo, como se agora tivesse a certeza de que sua refeição não estava tão garantida assim. Eu e o Thirsi ativamos a língua espiritual, e eu me dirigi ao lobisomem, altivamente:
- Garou, queremos negociar uma passagem por seu território!
O que se identificou por XX ficou interessado na proposta, dizendo que, embora geralmente não permitissem que estranhos passassem pelo seu território, ouviria nossa proposta, querendo saber o que teríamos a oferecer pela passagem de nós 4 pelo local.
Veja bem.
Eram dois lobisomens, contra 4 de nós magos, praticamente em perfeitas condições de luta. Tinhamos ainda a Vidência que retirava a maior parte de sua vantagem na transição pelo dromo (que vimos em ação diversas vezes). A vontade que eu tive era de tacar o foda-se e dizer "vocês deixam nós passarmos por seu território e nós deixamos vocês vivos" ou "vem ni mim Dodge Ram!". Isso é o que um mago imprudente faria, mas eu não sou assim. Pensar antes de agir é algo que faz parte da minha rotina. Estamos em território inimigo, onde não podemos de forma alguma ser confrontados pelos magos locais, talvez até aliados dos lobisomens. Como se não bastasse, acabamos de invadir um oratório alheio e subtrair um objeto de valor inestimável, e o suposto detentor do objeto deve estar nos procurando, qualquer atraso poderia ser fatal. Ainda, quem sabe quando lobisomens estão nos arredores, prontos para auxiliar no caso de um derrota dos dois Garous.
Então, após uma negociação genérica, combinamos de atravessar o local pela sombra, e de nos encontrar com o Garou em 60 dias (10 de setembro aproximadamente) para acertar esse "favor". Quem sabe o que pode se depreender de produtivo deste evento ao acaso? Se o destino nos favorecer quem sabe eles precisam que eliminemos algum Profeta do Trono russo?
Saímos do local e voltamos à cidade, aonde descansamos um pouco e voltamos à ação pela manha. Sebastian foi atrás de alguns materiais para nos proporcionar passaportes falsos através do uso do arcano da matéria. Mas ele não estava bem, estava sofrendo um duelo moral, pois acreditava, corretamente, que estava se utilizando de mágica para benefício próprio, no eterno dilema que assombra os usuários deste arcano. Entretanto, após algumas palavras de apoio, este conseguiu completar a tarefa sem arrependimentos. Afinal, nós fomos colocados injustamente em uma situação de ilegalidade (sem passaporte) por causa de influencias dos Profetas do Trono Superno, e estavamos apenas reequilibrando a equação.
Passei boa parte do dia fazendo um ritual de Guarda Invisível sobre o Amuleto da Obscurescência nº 6, e alcançei uma potencia 30 para 4 dias de duração. Seria suficiente até Odair quebrar as relações do item com seu possuidor anterior. 
No meio tempo conversei em particular com Zatarha, que revelou que ele é que detinha o Elmo de Sir Jonatan, tendo trocado um dos cranios do cérberus pelo artefato com a Dona Roberta. Assim, o preço pelo próximo colar estava garantido.
Partimos num carro alugado por muitos kilometros, até chegar ao local combinado com Agilulfo, para a permuta do Amuleto nº 4 pelo Elmo de San Jonatan. Após algum tempo de espera a raposa (vide S24) apareceu e nos mostrou onde era a passagem que nos levava ao plano que pensamos ser Arcadia. Porém, este estava diferente de quando o vimos pela primeira vez. O local não estava tão habitável, as árvores eram permeadas por espinhos e o local parecia mais árido.
Mas cumprimentamos o sr. Agilulfo e completamos a negociação. Este inclusive informou que no meio tempo diversas pessoas tentaram obter o amuleto, mas como este já estava negociado conosco não houve meios de adquirí-lo. Aliás, o nativo percebeu que o Elmo havia sido usado (uma espécie de carga), coisa que Zhatara não nos havia informado. Ocorre que o Thirsi havia milagrosamente usado o artefato para descobrir que o caminho que ele tanto procurava, e este se revelou como sendo o caminho para o mercado dos Trols, estava em uma igreja no mercado dos Trols (ainda na sessão 24). Mas não houve problema, parecia que o mercador tinha conhecimento de alguma forma que iria recarregar o artefato, e a negociação foi concluída. 
Tábua de Esmeralda
A figura ainda revelou que o Nieblas de La Revelacion, um dos itens necessários à obtenção da Tábua de Esmeralda, que tanto procuramos, era conhecido antigamente como o Escudo de Hermes, e nos informou que ele se encontrava em algum lugar próximo a Espanha, o que já é uma informação importante.
O Thirsi (sempre ele) ainda foi dar uma palavrinha com a Abraxas que estava ali por perto, e saiu de lá de mãos abanando pelo visto, e quem sabe devendo a alma...

Eremes 
Algum lugar da Russia,
12 de Julho de 2010



Caros leitores. Em razão de circunstâncias alheias à vontade do grupo, em especial a aprovação para o mestrado do mestre do grupo (literalmente), a sessão 25 é, provavelmente, a última a ser jogada por este grupo. Em um futuro distante, talvez daremos (todos ou apenas alguns de nós) continuidade à aventura. Inclusive, iluminados pelos conhecimentos que adquiriremos neste período, associados à maturidade inevitavelmente inerente ao envelhecimento, pretendemos aprimorar o nível de jogo, levando o roleplay a um novo nível e manipulando não cenas, mas cenários, de forma que os detalhes de cada ação fazem toda a diferença.
Quem sabe o que nos espera?

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