1ª Sessão - O Início de Tudo

Era um dia como qualquer outro, pelo menos para a maioria das pessoas do Rio de Janeiro, mas para essas seis pessoas, reunidas nesse bar, não. Definitivamente não era um dia comum. Era uma terça feira de outubro de 2009 e juntos ali, na Academia da Cachaça, estavam os recém Despertos Eremes, John, Matias, Odair, Sebastian e Zathara, juntamente com Copas e Ori, magos do Consilium da cidade do Rio de Janeiro.

Copas e Ori eram os responsáveis por essa nova Cabala recém formada. Havia muito tempo que não tivera nenhum novo Despertar na cidade e em seu entorno, porém em dois anos, nove pessoas despertaram! Um número considerável. Destes, formaram-se duas cabalas com três e seis pessoas, respectivamente. A primeira Cabala dos jovens Magos, chamada Acharya foram os primeiros e já estavam sendo treinados e realizando missões para o Consilium.



Esses novos Magos, entretanto, precisavam de um acompanhamento mais de perto, haja vista as condições de seus despertares e a relação de 2 deles com os anciões da cidade.

Copas tomou a palavra:

- Não precisam ficar receosos, a partir e hoje vocês começarão os testes para integrar o Consilium da cidade. Cada um de vocês tem um tutor que integra o Consilium ensinando-os o caminho de suas respectivas sendas, exceto o Matias e o Zathara, cujos responsáveis são Anciões que, embora também façam parte do Consilium, o são de forma diferente. Não podemos levar vocês para o Oratório ainda, somente depois de aceitos. Vocês devem estar se perguntando, então, por que escolhemos este bar pra conversar, não é mesmo? Bem ...

Ori o interrompe:

- ... é porque sou eu que tem o bom gosto aqui, hé hé - disse com um sotaque carioca carregado -. De qualquer forma, vocês só poderão entrar na Sede quando provarem que são responsa. Bom, vocês já trocaram uma ideia antes, então não vou ficar perdendo tempo com apresentações. A parada é a seguinte: todos nós temos tarefas e deveres e vocês vão escolher a turma que quiserem, vão pegar o bonde onde vocês forem mais úteis. Temos cinco parada aí pra resolver, que vocês podem chamar do que quiser, missão, tarefa, castigo, hé hé. O lance é que vocês vão trabalhar pra resolver isso e iremos observar vocês pra ver se tem tutano, se o que falam de vocês não é só caô.

Nenhum dos seis novatos estava gostando de ouvir isso. Afinal, eles agora eram Artífices da Vontade, eram Magos! Tinham o poder de moldar a realidade conforme sua vontade e estavam ali tendo que receber ordens. Pra puta que o pariu!! Mesmo com todos esses meses de reclusão e aprendizagem, onde dominaram o terceiro círculo de um Arcano, ainda tinham que ouvir esse tipo de coisa e realizar os trabalhos sujos do Consilium para mostrar que tem valor? Mas era necessário. Afinal, uma vez no Consilium da cidade eles teriam acesso à uma infinidade de livros, pergaminhos antigos e outras coisas que jamais poderiam imaginar. Então valeria a pena.

Terminada a conversa os trabalhos sujos foram passados. Ori continuou.

- Tudo isso que vocês precisam fazer é basicamente investigar. Nada de ficar se metendo em briga e complicando a vida dos brothers do Véu. Vamos lá: estamos tendo problemas com alguns sobrenaturais ... - foi quando perceberam que de repente não havia mais ninguém no bar. Todos as pessoas que estavam na parte de dentro de repente estavam nas mesas lá fora ... por isso estavam tão a vontade falando. Bastardo dum Mastigoi, pensaram - ... continuando, existem alguns bas-tar-dos que estão nos causando problemas nesse endereço e eu preciso que vocês saibam o que eles estão aprontando. Alguns adormecidos estão sendo sujeitos a situações que não é interessante para nós e essa área precisa ficar limpa. Nós ainda não temos certeza de quais sobrenaturais estamos lidando, o trabalho de vocês é descobrir quem são e o motivo disso.

Dessa forma, Ori passou as informações de que eles precisavam. Disse ainda que ao todo seriam cinco, as tarefas que precisariam completar. Copas ainda passou algumas instruções de comportamento e em quais situações seria permitido o uso de magia. Um homem alto com profundas olheiras apareceu na mesa. Spade. Era o dono daquele bar. Na verdade ele possuía uma franquia de bares na cidade e esse era o menos badalado. Quase nunca aparecia por ali, mas fez questão de ver essa safra, como gostava de chamar, de novatos. Conversaram um pouco mais e dispensaram os jovens.


Só o fato de estarem juntos ali, formando uma cabala já era algo a se observar com cautela, pois todos os seis magos ali reunidos possuíam tutores, ou mestres como preferiam ser chamados, diferentes em todos os aspectos. Controlar o impulso de magicizar todas as tarefas do dia-a-dia não era fácil. Ainda não foram apresentados a todos os membros do Consilium; isso só seria feito quando fossem aceitos definitivamente em uma cerimônia no Oratório do Cristo Redentor.

Essa Cabala formada por jovens magos ainda sem nome e sem Oratório começou a investigar então os ataques e depredação de patrimônio público que os amaldiçoados punks estavam provocando. O local era um antigo hotel abandonado. Pesquisando pelas redondezas descobriram que além de roubos e morte de animais, estavam ocorrendo também sequestros de pessoas que eram "encontradas" fracas e com pouco sangue.

Vampiros!

Bom, afinal de contas, se nesse mundo é possível que existam Magos, porque não vampiros, lobisomens, fadas etc? Eles nunca tinham perguntado isso para seus mestres e nem os mesmo comentaram alguma vez.

Fazendo uma pesquisa rápida entre os mestres, a Cabala descobre que sim, existem os tais Vampiros, e os mesmos são bastante organizados. Estes amaldiçoados possuem um território bastante amplo e são acompanhados de perto pelos Guardiões do Véu quando alguma coisa sai errado e algo vaza.

Ao lado do hotel abandonado existe uma casa também abandonada, que por sua vez, possui um terreno baldio como vizinho. Odair alugou um apartamento na frente do hotel para observar durante a noite e investigar mais de perto. Vez ou outra um ou mais de sua Cabala ficavam à espreita esperando encontrar algum indício de atividade vampiresca na região.

Duas noite depois, o grupo estava organizado com John de um lado da rua apoiado em seu carro, Eremes na outra quadra estacionado, porém dentro de seu carro, Zathara encostado em um dos postes conversando com Sebastian e Matias com Odair em seu apartamento. De qualquer lado que fosse eles conseguiriam ter uma ampla visão do que poderia entrar e sair do hotel abandonado.

Era quase uma hora da manhã quando viram 3 indivíduos pálidos andarem despreocupadamente pela rua com manchas vermelhas na camisa. A rua estava mais silenciosa que o normal e com o vento frio que fazia aquela noite, não era normal três caras de regata perambulando por aí. Uma visão rápida de Zathara, com seu Arcano Vida e Sebastian, com seu Arcano Morte, constataram de que eles realmente não eram humanos.

Zathara fez um sinal e os outros magos entenderam, mas alguma coisa não estava certa. Não se sabe ainda o porquê, mas os três vampiros perceberam que estavam sendo observados e como num piscar de olhos correram em direção a Sebastian e Zathara. Ali foi onde tudo começou.

JL