13 de dezembro de 2012

Palavras do Narrador: Parte 1 - Eu, narrador?

Olá, tudo bem com você?

Estamos começando este blog para contar um pouco de uma de nossas aventuras em um novo sistema: O Novo Mundo das Trevas. Demoramos um tanto para chegarmos até aqui, não foi fácil. Mas gastando muitos pontos de Força de Vontade eis que conseguimos inaugurá-lo.

Eu sou o JL, narrador dessa crônica e gostaria de, neste post introdutório, contar um pouco da minha experiência em narrar um jogo tão diferente para nós, jogadores de D&D e como isso influenciou em minha forma de narrar. Nas próximas postagens vamos dedicar à aventura que estamos jogando, algumas regras caseiras, a visão dos jogadores na aventura e na construção de seus personagens e tentaremos fazer algo mais em relação à mecânica de Mago: O Despertar.

Antes de tudo, gostaria de lembrar que a ambientação, história dos PdMs e dos PJs, bem como as cabalas que construímos e alguns inimigos estarão tanto nas postagens quanto em links ao lado, na barra lateral à direita. Caso você queira utilizá-los em alguma campanha ou tem alguma sugestão, fique a vontade mas não esqueça de nos avisar deixando um comentário! XD


Como falei acima, um pouco da história do grupo está lá em cima na barra lateral. Nesta sessão de postagens vou descrever um pouco da minha visão como narrador.

Na bem da verdade, eu não queria jogar Mago. Eu fiquei empolgado pra jogar Changelling: Os Perdidos. Gostei bastante da temática de horror e fuga presentes constantemente na vida dos perdidos e achei que seria muito bom narrar uma crônica assim. Mas eu sempre ofereço escolhas, é um característica minha. Tanto, que mesmo querendo narrar CoP eu acabei comprando também Mago: O Despertar. Na verdade, desde quando jogamos um pouco Vampiro: A Máscara a ideia de jogarmos com Magos estava em mente. Eu, particularmente na adolescência, sempre gostei muito dos personagens que envolvam algum tipo de magia. Porém ao longo do tempo acabei preferindo personagens mais combatentes do que arcanos. Mas é aquele negócio: nunca jogamos um sistema que desse a liberdade de feitiçaria que o Mundo das Trevas oferece. E foi isso um dos fatores que levou TODOS os jogadores a escolher Mago. Não que fosse ruim, mas ainda assim eu quero narrar CoP um dia, hehe.


Logo de cara eu fiquei empolgadíssimo com o sistema de magia e tive uma certeza: não era nem um pouco simples! Se não bastasse isso, temos 6 jogadores na mesa e temos pelo menos 1 de cada Senda. Enquanto o jogador se preocupa basicamente na compreensão de seus 2 arcanos primários, eu narrador lascado, precisava compreender um pouco de cada um. E o pior, precisava ler e entender bem todas as ordens e índices dos arcanos. Vou dizer uma coisa pra você: achei que não daria conta. É claro que não decorei todas as magias do livro, nem tive a pretensão disso, mas precisava saber o que cada índice de arcano e o que cada prática nesses índices fazia. Até hoje eu não tenho tudo isso em mente.


Dado a esses fatos, fizemos um acordo na mesa de que eu, como narrador, ficaria mais focado na estória a ser contada e nos fatos a narrar, enquanto dividíamos as regras e outras informações importantes de mecânicas entre os jogadores. Mesmo porque, nenhum de nós tinha experiência em MoD e eu estaria sobrecarregado demais se tudo dependesse só do narrador.

Eu gosto bastante de criar tramas em vários níveis que nos permitam jogar por anos, se precisar. E como é de praxe em nosso grupo, sempre que jogamos um sistema, temos o cuidado do Mestre ou Narrador, tentar vincular os backgrounds dos jogadores na trama pensada por ele. Isso é um ótimo material pro narrador e também dá ótimos ganchos interpretativos para os jogadores. Mas o problema persistia: como narrar um jogo no Mundo das Trevas?

Uma coisa eu tinha certeza: não é a mesma coisa que mestrar D&D. Digo que não é a mesma coisa, porque os objetivos em si e a mecânica do sistema não é aproveitada em todo o seu potencial se for somente focada em batalhas. É claro que D&D e derivados não são focados somente na "batalha", por isso, quero deixar claro que quando me refiro à esses dois sistemas em geral, não o faço no intuito de classificá-lo para utilização de outrem. O faço somente como referência à maneira como nós jogamos e interpretamos.

Procurei na net todo tipo de material relacionado a Mago, porém não achei muita coisa. De repente não soube procurar e também não vou citar todas as fontes de consulta no blog. Encontrei muita discussão do sistema, mas não da Narrativa. Li muitas vezes esse artigo O Problema do Horror em Mago e me ajudou bastante a entender um pouco da dinâmica narrativa, do tom a ser usado. Aí sim fiquei mais preocupado, porque tenho pouquíssima leitura do gênero horror e derivados. Todos os meus anos de leitor foram dedicados à literatura fantástica/medieval e no máximo André Vianco e HQs de terror. Como então eu poderia ser qualificado para narrar um sistema cujo tema principal é o horror? Fiquei durante muitos dias pensando a respeito. Confesso que não pude me dedicar como gostaria, mas li o suficiente para ver que é complicado trabalhar o medo, o suspense em uma mesa de RPG.

Não conseguia pensar em artifícios que pudessem trazer essa clima para o jogo. Velas, máscaras ou qualquer tipo de adereço é descartado. Todos nós detestamos qualquer tipo de alusão à Live Action ou transformar as nossas sessões em Themes. Então o jeito era buscar alternativas narrativas somente. Mudar foi preciso. Todos no grupo, eu principalmente, temos um humor um tanto palhaço, sarcástico, irônico. Logo, qualquer extremismo no sentido de trazer "suspense" ou "horror" no jogo seria motivo de riso, inclusive eu, hehe. Tentei focar simplesmente na narrativa dos fatos e acontecimentos, fornecendo alguns detalhes confusos para que eles investigassem bastante até encontrar a solução ou foco dos problemas. Em uma sessão usei até uma batida na mesa bastante alta para simular um tiro no meio de uma conversa. Pelo menos pegou todos de surpresa e a atenção ficou inteiramente na descrição da cena com uma morte não esperada. O efeito foi o esperado, mas utilizar novamente está fora de cogitação. Justamente pelo meu perfil e o perfil do grupo.

Não foi e ainda não é fácil pra mim narrar Mago. É por isso que sempre ao final da sessão, seja no local ou no Facebook eu faço um feedback com os jogadores pra ver se está indo bem, se a narrativa está indo legal e se está a contento. Também conversamos sobre a interpretação dos jogadores, as virtudes e vícios e nas atuações no geral.

Acredito que essa experiência tenha me ajudado muito a ser um narrador/mestre melhor. Aprendi diversas coisas, entre elas, que as vezes os detalhes do local e da cena são muito importantes. Jogar RPG sem mapas ou miniaturas tem nos tomado um esforço enorme. Em contrapartida nos ajudou a ter uma localização "espacial" dentro do todo na cena muito melhor que as miniaturas. Antes, discutíamos muito estratégias para derrotar os vilões, agora discutimos muito mais os porquês de estarem ali, naquele local, com aquele personagem. Aprendi que não adianta você planejar minuciosamente uma cena em tal lugar, os jogadores sempre vão em outro. Logo, é importante ter em mente os objetivos principais e ter bem claro os locais mais prováveis que os jogadores visitarão.

No próximo post tentarei contar um pouco a respeito de algumas regras e dificuldades de "balancear" o jogo. Espero vocês lá.

Até mais!


JL
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