Os magos do Espinho Lunargênteo tem a reputação de
serem os despertos mais volúveis de todos. Para seus amigos, isso faz deles
“espíritos livres” ou “uma brisa fresca”. Seus detratores provavelmente
aplicariam termos como “instáveis”, “imaturos” ou “infantis”. Muitos magos veem
algo de predestinado ou sobrenatural nos Acanthi, e os próprios Encantadores
dificilmente podem negar tal coisa.
A maturidade e a estabilidade não são os pontos fortes daqueles que trilham a Senda do Cardo. Eles são visionários dotados de uma compreensão intuitiva extraordinária dos acontecimentos passados e futuros, mas é possível que nem sempre tirem proveito máximo de seus insights, para o grande dissabor de outros magos. Seus pares os acusam de excentricidade ou até mesmo de irracionalidade, mas essas alegações não parecem incomodar nem um pouco os Acanthi. Já foram levantadas muitas razões para seu estranho comportamento. Houve quem sugerisse que aqueles que trilham a Senda dos Encantadores são tão inundados pelas ramificações interminável da corrente do tempo que nada lhes parece impossível e nenhuma decisão parece ser irreversível. Em sua defesa, pode-se dizer que a Senda do Cardo, de fato, promete muito mais do que um mago é capaz de administrar antes de desenvolver um pouco mais suas artes mágicas.
Como grande parte de sua magia assume a
forma de uma boa sorte excepcional, para o mago que trilha a Senda do Cardo é
possível imaginar-se extraordinariamente afortunado, e muitos demonstram uma
certa superstição até mesmo ao fazer mágica. Por esse motivo, muitos acreditam
que os Acanthi representam a carta de tarô “O Louco”, pois contam apenas com a
sorte para guia-los em suas jornadas. Seu senso de deslumbramento e de
infinitas possibilidades costuma inspirar outras pessoas a ter esperança, pois,
para um Acanthus, as adversidades nunca são instransponíveis e existe sempre
uma segunda chance.
Os Acanthi se deixam fascinar pelas
multidões, mas parecem fadados a permanecer na periferia dos grupos com os
quais se enturmam; nunca deixam de ser “os novatos”, não importa há quanto
tempo fazem parte da roda. Seu jeito encantador costuma causar excelentes
primeiras impressões, mas o charme tem suas limitações, principalmente quando
as coisas ficam pretas e o Acanthus espera que outras pessoas façam o que ele
pode ou não quer fazer.
Ordens: Algumas ordens têm reservas quanto a aceitar
Acanthi, pois acham que eles são inconstantes e dispersos demais para se
tornarem membros adequados. Dada a tendência dos Encantadores de achar que conseguem
se livrar de qualquer coisa quando bem entendem, muitas ordens se preocupam com
o grau de compromisso desses magos.
Isso posto, quando realmente se afiliam
a uma ordem, aqueles que trilham a Senda do Cardo demonstram uma ligeira
preferência pelo Concílio Livre, onde suas mentes ágeis estão livres para
inovar como acharem melhor, e pelo Mysterium, onde tem a liberdade de colocar
sua perspicácia a prova, em busca de conhecimento antigo.
Os Encantadores mantem uma relação de
amor e ódio com a Escada de Prata, são indiferentes aos objetivos da ordem, mas
se deixam fascinar pelo poder e pela determinação que ela fomenta.
A Seta Adamantina recruta os Acanthi
pelo absoluto valor estratégico que eles oferecem à ordem, mas a guerra não é
uma vocação muito popular entre os Encantadores. Os Guardiões do Véu também
tentam arrebanhar mais Acanthi, pois a sorte e o insight deles são inestimáveis
para a defesa dos Mistérios, mas muitos Acanthi consideram tedioso o trabalho
da ordem.
Aparência:
Os magos da Senda Acanthus costumam
ter belos traços, mas seus olhos muitas vezes assumem um jeito matreiro e
vulpino com o passar do tempo, algo que os outros Despertos podem interpretar
como sinal de malícia ou desonestidade. Geralmente aparentam ser mais jovens do
que são, uma impressão que é reforçada pelo brilho quase onipresente em seus
olhos.
Oratórios: Quer procurem ou não sua própria gente, os Acanthi
são criaturas extraordinariamente sociais. Costumam “se esconder bem debaixo de
nossos narizes”, instalando seus oratórios em lugares próximos dos pontos
focais de uma comunidade: casas de ópera, cinemas, bares, casas noturnas ou
templos. Em geral, é pura sorte o que impede as pessoas de encontrar esses
lugares ou, no mínimo, de perceber o que são na verdade.
Histórico: A Senda Acanthus normalmente acolhe os jovens e inexperientes ou aqueles que abandonam uma outra vida em troca de um recomeço ou de estranhos horizontes. Tem preferência por aqueles que recorrem à ilusão, ao glamour, à sorte e à trapaça benfazeja para subir na vida e por aqueles que estão completamente perdidos no mundo devido ao temperamento ou às circunstâncias. Estudantes, órfãos, apostadores, mágicos, artistas, golpistas, modelos, atores, músicos, esquizofrênicos, “acompanhantes” e vagabundos: todos são suscetíveis ao contato de Arcádia.
Criação
de personagem: Por serem geralmente
charmosos e muito astutos, os Acanthi, muitas vezes, são pessoas que
sobreviveram pela astúcia, boa aparência ou agilidade mental. Por causa disso,
eles costumam enfatizar os Atributos Sociais e Mentais, mas não necessariamente
nessa ordem. Os Atributos Físicos geralmente são terciários, mas, dentre eles,
o mais desenvolvido costuma ser a Destreza. As Habilidades Sociais são quase
sempre enfatizadas e muitos Acanthi parecem dominar razoavelmente as técnicas
de Furto.
A Esperança é a Virtude ideal para os
Encantadores, pois até mesmo aqueles que não a almejam como princípio condutor
costumam respeitar quem o faz. A Preguiça, por outro lado, é o Vício contra o
qual os anciões alertam os magos mais jovens, mas muitos ainda parecem sucumbir
a esse pecado.
A Vantagem Senso do Perigo (Livro de regras do Mundo das Trevas, pág.
109) é especialmente apropriada para
os magos que trilham a Senda do Cardo, e qualquer uma das Vantagens Sociais
também seria uma boa escolha.
Atributo
de Resistência preferencial:
Autocontrole
Arcanos
Regentes: Sorte/Tempo
Arcano
Inferior: Forças
Nimbo: “Predestinação”. As coisas parecem encantadas ou
impregnadas de possibilidades mágicas. Em alguns casos, um brilho esverdeado
ilumina os metais ou a superfície refletora e ouve-se ao longe um canto
sinistro estranho. Quando a magia é poderosa, surgem nevoeiros e brumas que
encobrem o solo. O tempo se condensa no momento presente; preocupações com o
passado ou o futuro parecem menos urgentes, menos reais. Os corações parecem
bater em sincronia, mas o silencia entre uma batida e outra é uma alusão à
eternidade. Às vezes, as coisas parecem se mover em câmera lenta, com uma graça
e uma beleza sublimes.
Relações:
“Anarquia cordial” é a melhor
descrição que se pode encontrar para os princípios organizacionais dos Acanthi.
Eles não veem as outras pessoas em termos de fortes ou fracas, superiores e
inferiores, nem mesmo como boas ou más, e sim como encantadoras ou maçantes. Eles
se dão muito bem com aqueles que os “sacam” (ou seja, que conseguem tolerar sua
veleidade e, quem sabe, até mesmo concordam com ela até certo ponto). Quanto
aos que não conseguem, os Acanthi preferem evita-los, se possível. Da mesma
maneira que detestam que outras pessoas lhes digam o que fazer, os Acanthi
nunca se atreveriam a dizer tal coisa a outro mago e, por isso, boa parte das
interações entre dos Acanthi são agradáveis, apesar de um tanto quanto
superficiais e transitórias. Nas ocasiões em que esses magos são obrigados a
cooperar, suas interações costumam ser supreendentemente incômodas e
desconfortáveis.
Legados: Peregrino das Brumas, Escaldo, Domador de Ventos.
Conceitos:
charlatão, justiceiro kármico,
esquizofrênico, bardo contemporâneo, profetisa cigana, imprestável sortudo.
Esterótipos
Mastigoi: Poderosos eles são, mas pensam em termos de mestres e
escravos, e não percebem que as coisas não se enquadram nessa visão de mundo.
Moroi: tenho pena deles. Não trocaria meu azougue por seu
chumbo, da mesma maneira que não trocaria um devaneio por um pesadelo.
Obrimoi: Tão rígidos e ainda por cima de uma maneira tanto
quanto atrevida e arrogante.
Thyrsi: Um tanto desleixados, talvez. E, sim, muitos são
loucos de pedra, mas, na maior parte do tempo, são bons aliados.
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Vampiros: Perigosos, não resta dúvida, mas nem sempre são tão
espertos quanto pensam que são.
Lobisomens: Animais irracionais, o melhor é evita-los, pois,
quando ficam zangados, não há nada como argumentar com eles.
Adormecidos: Não consigo entender como podem suportar uma vida tão
maçante e banal.